December 15, 2016

Cuidadores 'INFORMAIS'


Familiares, vizinhos e amigos são aqueles que cada vez mais se disponibilizam para ajudar quem não consegue viver sozinho. São dias, noites, semanas, meses e anos sem pausas, sem folgas. Portugal é já o país da Europa com maior número de cuidadores informais que prestam ajuda a pessoas dependentes.

Cláudia, 43 anos, diretora-executiva da Instituição Ajuda Cristã à Juventude,
com Mafalda Ribeiro
A rodar desde 1983, como gosta de dizer, Mafalda Ribeiro, 33 anos, é sobejamente conhecida por ter ossos de vidro ou, mais formalmente, uma osteogénese imperfeita. Tem 95% de incapacidade, mas faz por se focar nos seus 5% que funcionam. À nascença, o prognóstico médico ditava que não ia sobreviver, e pouco depois que nunca chegaria à idade de ir para a escola. Ultrapassou todos os obstáculos. O segredo, garante, é nunca se levar demasiado a sério e também contar com uma rede de cuidadores extraordinários, entre eles o pai, os amigos e a sua grande amiga Cláudia Sampaio.

Desde há dois anos que Cláudia se ofereceu para ser cuidadora de Mafalda Ribeiro e levá-la onde ela quisesse. 
"Não sou autónoma, mas isso tornou-me extremamente livre", refere Mafalda Ribeiro.

Conhece Mafalda Ribeiro desde o lançamento de Mafaldisses - Crónicas Sobre Rodas, em 2008 - e tempos depois deu por ela a perguntar-lhe o que gostaria de fazer. "Foi quando me contou que era convidada para muita coisa mas nem sempre ia, porque para o fazer precisava sempre de ajuda", refere Cláudia. Era tudo o que queria ouvir. "Se é isso que precisas, é isso que quero fazer", adiantou. O primeiro passo foi conhecê-la, saber como podia ser a sua extensão, os seus braços e pernas, e passou a ser o apoio que Mafalda precisava para se deslocar. Cláudia garante que não mais vacilou: "Poder contribuir para que a força dela contagie outros é uma oportunidade única na vida."

É uma história feliz, que se quer inspiradora para um mundo de cuidadores informais que cresce por todo o País, mas a verdade é que nem todas as essas vidas têm contornos assim tão extraordinários e a maioria não é sequer reconhecida, quanto mais valorizada.

A dificuldade no apoio a todos aqueles que por uma razão ou outra ficaram dependentes é crescente. "Vivemos num mundo em que as pessoas não querem pensar nisso, afinal não é um assunto sexy", lamenta Rosário Sobral, presidente da direção da Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas para a Vida (Advita).



Perto de cem mil portugueses sobrevivem com ajuda de outros e estes são, em 80% dos casos, CUIDADORES INFORMAIS.






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