March 11, 2016

Um sorriso terno, delicioso e grato


“Era 5 de Março e estava a moderar a primeira mesa da 1ª Conferência do Centro de Vida Independente. Enquanto o primeiro orador fazia a sua intervenção varri com o olhar a assistência para lhe sentir o pulso. Parei, na básica condição de ser homem, quando vi duas mulheres lindíssimas e especialmente atentas.


Era a Diana Santos que tinha acabado de por batom e com muita dificuldade, devido à sua diversidade funcional, tentava colocá-lo na carteira apenas um pouco aberta. Tentava, tentava e o tubinho intransigente teimava em não cair para onde devia. Ao lado estava Carmen Sofia Figueira, a sua assistente pessoal, que percebeu a sua dificuldade. Foi quando esticou o seu dedo indicador e com um toque carinhoso e infantil, acompanhado por um olhar maroto e um sorriso cúmplice, fez cair o batom dentro da carteira. À Diana, claro, explodiu-lhe na cara um sorriso terno, delicioso e grato”.

E eu pensei: "Caramba! é mesmo por isto que estamos aqui hoje...", concluiu Rui Machado



Rui Machado
Licenciado em Psicologia da Saúde e mestre em Psicologia Clínica. Entre os dois, fez formação técnica em Multimédia e trabalhou em Publicidade. Atualmente, ocupa a vida com a escrita e o ativismo na área da deficiência, sendo membro da comissão coordenadora dos (d)Eficientes Indignados, vogal do Centro de Vida Independente e co-criador do projeto ligado à desmistificação da sexualidade na deficiência.

Diana Santos
É natural de Porto de Mós, reside no Barreiro e trabalha em Lisboa, tem 31 anos, psicóloga clínica de profissão. Pós graduada em doenças metabólicas e comportamento alimentar pela Faculdade de Medicina de Lisboa, está atualmente a especializar-se em Sexualidade Clínica e Terapia de Casal no Instituto Português de Psicologia. É uma ativista convicta pelos direitos da pessoa com diversidade funcional e integra a direção da Associação Centro de Vida Independente.

Carmen Sofia Figueira
Natural do Baixo Alentejo, 38 anos, designer, fotógrafa e livreira de coração, por ter trabalho 10 anos numa livraria. A forma de ver o mundo trouxe-a aqui, à liberdade de poder partilhar a vida com ideias que o mudam. Quer saber as motivações que estão subjacentes à decisão de ser Assistente Pessoal?


Vida Independente é uma abordagem consagrada na Convenção Internacional para os Direitos das Pessoas Com Deficiência, defendida pela União Europeia e prevista na Estratégia Nacional para a Deficiência. 

Terá um papel importantíssimo na liberdade, dignidade e autodeterminação da pessoa com deficiência. O conceito inerente ao projeto da Vida Independente prevê a desinstitucionalização das pessoas com limitações funcionais para que estas possam viver em suas casas como os demais cidadãos. Prevê ainda a criação de uma figura denominada Assistente Pessoal que será as mãos, as pernas ou até mesma a função cognitiva da pessoa que assiste. Fará aquilo que, no seu quotidiano, a pessoa com deficiência não consegue fazer devido às suas limitações.






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