February 23, 2014

O branco, o preto, o marrom e os buracos!


É quase unânime que a calçada é bonita e de grande valor patrimonial mas será que se adequa a todas as exigências atuais e que deve ser indistintamente aplicada em todo o lado?

Surgiu no século XIX e é ainda amplamente usada no calçamento de quase todas as cidades muito embora já estejamos no século XXI. É um piso geralmente desnivelado, que se baseia em pedras de formato irregular, geralmente de calcário e por vezes pontiagudas, intervaladas com buracos de maior ou menor dimensão.
O problema complica-se ainda mais quando pensamos nos cidadãos com mobilidade reduzida, nos pais com os carrinhos de bebés, nas pessoas mais idosas ou mesmo nas mulheres portuguesas que arrisquem o uso de sapatos de salto alto. Por isso é cada vez mais frequente vermos a maioria dos peões a caminhar à beira dos passeios ou seja, pela estrada, colocando a sua vida e a dos automobilistas em risco. Os deficientes motores, que necessitam de se deslocar em cadeiras de rodas, acabam por ser obrigados a converter-se em condutores de ligeiros sem matrícula, muito provavelmente, sem carta para o efeito. Não me lembro de encontrar no novo código da estrada normas que contemplem esta evidência. Afinal existem mais duas grandes categorias de veículos, para além dos pesados e dos ligeiros, a saber, as cadeiras de rodas com motor e as cadeiras de rodas sem motor!?
“Não podemos resolver problemas com o mesmo tipo de pensamento que usávamos quando os criávamos.” Albert Einstein.
A calçada aplicada nos passeios não é arte nem atracão, é um perigo público, um atentado à segurança de todos. Devia ser banida de todos os PASSEIOS. Se a limitássemos às zonas onde ela é efetivamente apreciada, executada com arte, e alvo da atenção turística, as Câmaras Municipais estariam a cuidar das pessoas e a preservar o património cultural. Contudo, ainda aqui, deveriam coexistir alternativas. O enfoque deve ser a segurança das pessoas e a promoção da liberdade de circulação de todos aqueles que têm Mobilidade Reduzida.
Quando surgiu, a calçada portuguesa, não estava vocacionada para os utilizadores ditos ‘deficientes’, sendo estes cidadãos com mobilidade reduzida simplesmente ignorados. Uma calçada em mau estado, portanto, não constituía um problema – bastava continuar a caminhada pela rua e a questão estava resolvida. 

Entretanto, o mundo mudou… e nós ainda não o fizemos!
Temos que passar do Sec.XIX para o Sec.XXI 

António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, prometeu limitar a calçada portuguesa às zonas históricas. E vai reforçando as razões. “A calçada é muito bonita para ver, mas péssima para andar. É escorregadia e é desconfortável" 

Finalmente o fim da calçada já está na agenda da CML.
Saiba mais AQUI.





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