“A
arquitetura só pode ser capacitante se os
arquitetos desenvolverem empatia”, afirmou Raymond
Lifchez
O
discurso arquitetónico não consegue alinhar-se com as necessidades
sociais e éticas da cidade contemporânea. Com a relação tensa entre a teoria e
a prática, a irrelevância social no design
é onipresente. Os arquitetos que praticam a profissão veem frequentemente a
teoria como esotérica e não-transferível, enquanto muitos teóricos não
manifestam as suas ideias na realidade através da construção.
Como
disse Albert Einstein: “Se os
factos não encaixam na teoria, mudem-se os factos”. Para se entender melhor este
pensamento de Einstein, quando
enquadrado na temática da acessibilidade, seria verdadeiramente interessante
que o ‘Arquiteto’ alugasse uma cadeira de rodas e tentasse ver por si mesmo se
os factos se encaixavam na prática arquitetónica dominante.
Em
tese, a sua cadeira de rodas alugada seria a sua fortaleza. Contudo,
simultaneamente, seria a sua maior inimiga. As rodas seriam a sua primeira e
única defesa, mas seriam também o seu fardo.
Rapidamente ficava a conhecer uma
nova realidade, complexa e desconcertante, já que ao escrutinar e ao dissecar a
superfície de um passeio em calçada, percebia que a maioria das zonas que antes
lhe eram acessíveis tinham deixado de o ser. O piso inadequado da calçada, consubstanciado
nas ranhuras entre as pedras e no desnível continuado, subitamente transforma-se
numa montanha, impedindo cruelmente a progressão e tornando os pequenos avanços
esgotantes.
O artigo
9.º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência das Nações
Unidas, sobre ‘Acessibilidade’, afirma que todas as partes devem tomar medidas
apropriadas para assegurar que as pessoas com deficiência estejam em condições
de igualdade com os demais. Em poucas horas, um cidadão com Mobilidade Reduzida
que pretenda deslocar-se em Lisboa, recorrendo a uma cadeira de rodas manual, vê
os seus direitos humanos mais básicos violados.
Estas
violações, estas barreiras silenciosas, podem ser gradualmente removidas com
ativismo social. Contudo, a ARQUITETURA tem aqui um papel absolutamente
essencial para derrubar estes estigmas. Se as barreiras físicas forem
derrubadas, então as barreiras sociais seguir-se-ão rapidamente. Há um
desconforto latente na sociedade em relação às pessoas com deficiência. Quando
a nossa cidade for construída para todos, os preconceitos desparecerão.
Em linha com o exposto, fica aqui um exemplo recente do divórcio entre a Arquitetura e a
Acessibilidade, o ultimo ex-libris da Câmara Municipal de Lisboa:
“Não
podemos resolver problemas com o mesmo tipo de pensamento que usávamos quando
os criávamos.” Albert Einstein.
Fonte: Inspirado
por archdaily